Opinião: Sobre o Consumo e a Culpa.

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A consciência do consumo deve ser a consciência da tua própria identidade e da qualidade.

Estamos numa altura fantástica para fazer o que fazemos.

Na indústria da moda tudo se põe em equação: tempos de apresentação e de venda, fast-fashion, reciclagem, exploração de mão de obra, matérias primas de pouca qualidade, magreza e idade dos modelos, preços, exploração de directores criativos, criatividade. A câmara fotográfica do IPhone conseguiu tudo baralhar e os nossos dedos já não conseguem respirar de tantos likes cegos a coisas que não tivemos tempo de perceber, quanto mais de saber se gostamos. Não interessa. Nada interessa nos dias de hoje, porque não temos tempo de compreender tentando estar em todo o lado, ao mesmo tempo, com toda a gente, apaixonado por todos os temas, preocupado com todos os castigados pela vida, carregando o peso de cada história injusta, reduzindo todas as nossas escolhas, mesmo as conscientes, a culpa. E a moda, exprimida e reduzida até à sua ultima essência de futilidade, é sempre a primeira a ser culpada. O que lhe vale é o imobiliário e as offshores para a partilhar.No mobiliário e no produto doméstico e industrial, estranhamente tudo passa ao lado, com os nossos instagrams hoje carregados de experiências pre-venda de show-off de mais e mais mobiliário numa das capitais da outra indústria. 

Aqui, na scar-id store existimos no meio de tudo isto, mas com outras motivações, tentando momentaneamente esquecermo-nos da culpa, para trabalharmos na identidade e a qualidade.Preencher a nossa identidadecumprir as nossas necessidades, que felizmente, na maior parte dos casos, não são apenas vitais. Têm a ver com confiança, com estar bem e sentir-se bem, com ser visto e partilhar, com força ou com conforto.Todos temos a nossa identidade,  uns mais definida, outros menos. Uns dão mais valor aos livros e aos concertos ao vivo, outros à comida e à partilha de ideias, alguns à roupa e aos objectos para casa.A verdade é que todos procuramos qualidade para suprimir as nossas necessidades.Não queremos ler um mau livro, ouvir má musica, comer mal, da mesma forma que queremos andar bem vestidos, escolher o sítio onde moramos e preenchê-lo de objectos que nos fazem sentir bem.Tem sempre a ver com qualidade.A nossa identidade não é uma futilidade, não tem nada a ver com a moda, tem a ver connosco e com a nossa forma de procurar felicidade.

Na scar-id fazemos uma selecção de produtos que se adapta às diferentes identidades dos nossos clientes. Os nossos clientes gostam de se sentir bem e a roupa, os acessórios, as joias e os pequenos objectos para casa fazem parte da sua identidade.Os produtos que seleccionamos são desenhados e feitos em Portugal.São desenhados por jovens criadores e marcas emergentes que procuram as suas primeiras experiências. São jovens portugueses mas podiam ser de qualquer parte do mundo. São globais, informados, que partilham as mesmas influências e o mesmo know how que qualquer outro autor no momento do desenho.São produzidos em Portugal, em pequenas empresas ou profissionais individuais, que entregam todo o conhecimento e carinho a cada peça, sempre especial.São peças únicas, edições limitadas ou pequenas colecções, que só fruto de uma grande força de vontade e persistência, contra as muitas adversidades, conseguem apresentar-se ao público.Na scar-id, o preço final de cada produto tem em consideração: o valor do trabalho de concepção do designer; o valor de produção da peça (aquisição de materiais e transporte); o valor do dia-a-dia de uma loja; e, uma infelizmente, ainda pequeníssima percentagem para o valor das marcas: o autor e a scar-id.Quem compra uma peça na scar-id fá-lo em consciência de que adquiriu um produto de qualidade: com o preço justo; bem pago em todas as suas fazes; tirando partido do conhecimento de todos os elementos envolvidos em vez de simplesmente usá-los; que aproveitou os melhores materiais, porque eram os certos para aquele desenho;  com os melhores detalhes de acabamento, porque todos sabemos que é isso que conta; produtos duráveis que o cliente pode usar por muito tempo, cumprindo as variações de identidade. É por isso que lutamos todos os dias, há 2 anos e meio.Não tem nada a ver com consumo, ou com culpa, tem a ver com qualidade, com desenho, com paixão, com a sensação de que estamos a fazer o que é certo para podermos contribuir, um bocadinho, para a evolução positiva do sítio onde vivemos. 

Pratiquem a filosofia de consumo que entenderem, em consciência, mas nunca percam a vossa identidade e escolham sempre a qualidade para a cumprir.