M003 ORIGEM
O homem contemporâneo comum coabita com a sua própria existência na acrimónia demanda em busca do dia em que realmente pertencerá ao mundo e vislumbrará os seus semelhantes.
O presente Manifesto procura questionar a origem do ser humano, enquanto ser dotado de sensibilidade, inteligência, valores morais e consciência. Contrapondo os ideais mencionados e a realidade vivida na indústria da moda, torna-se evidente que os ideais não passam de efémeras ambições que poucos compreendem e quase nenhuns alcançam.
Assistimos a uma crescente escravatura moderna, sem rosto e consentida por aqueles que preferem viver na ignorância. Atendendo aos interesses de grandes empresas no ramo têxtil, subsiste a hipócrita campanha de preços reduzidos que, subsequentemente, esmagam os direitos humanos.
A moda atravessa uma crise de valores, apesar do seu exponencial crescimento económico que se observa a cada ano que passa.
O sucesso dessas grandes empresas deve-se sobretudo àqueles que consomem desenfreadamente sem questionar a origem daquilo que usam; se foi feito com dignidade; quem fez e em que condições; se foi executado por mão-de-obra infantil; quais os impactos na natureza (fauna e flora); se o produto é indispensável e o porquê do preço tão reduzido. Vivemos numa sociedade de pensamento massificado e manipulado onde os bens são descartáveis, onde a velocidade e o desrespeito pelas civilizações mais pobres e pela natureza são inegáveis.
Este solilóquio impoluto espera dar voz àqueles cujos epitáfios não conseguem perpetuar, e exprimir a triste realidade adormecida na mente dos responsáveis: todos os consumidores.
“A ignorância que esteriliza, e mirra e encalvece é a que só deixa ver uma face da medalha” – Camilo Castelo Branco.
Carla Alves.
