A Mesa de Natal [ ATER by scar-id]

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A Mesa de Natal ATER by scar-id

estava preparada. Os gregos

gostavam da ideia da preparação da alma. Preparar uma mesa

para o jantar é (hoje) uma tarefa igualmente virtuosa.  O mais importante é

saber escolher

os pratos (de 23€ a 35€). Nesta mesa, a pequena tábua de mármore (72€) espera por uma entrada. Mas todo o cenário é afinal a antítese da entrada – saída – a fuga.

Sílvia, de um lado,

partiu até sem a sua Carteira (330€). André, do outro, nunca tinha deixado uma

caneta sem tampa, enquanto pensava os seus textos.

O motivo parece-nos óbvio: os copos (de 12€ a 30€) estavam vazios. Pode até,

num espaço de loucura, permitir-se alguém, sentar-se a uma mesa sem comer – pode-se apenas conversar: talvez sobre

arte contemporânea ou fotografia – as paixões da Sílvia – inclusivamente sobre a pequena

polaroide de Paris tirada por ela em dois mil e seis. Mas esta conversa particular,

quem nos diz que, talvez, não tivesse sido mesmo

subitamente interrompida por falta de líquido nas Jarras (de 57€ a 140€)?

André denunciava-se subtilmente na sua fuga. A régua (Kima, 18€) foi também

deixada para trás, tal como

a arquitectura e um par de óculos Darkside (189€). Porque deixaria Sílvia, as suas cerâmicas por estrear na noite de Natal é invariavelmente assunto de digna investigação.

Talvez: tenham saído, a convite,

à procura de vinho, poesia ou virtude? Não se sabe.

Sabe-se apenas que as almofadas (57€) ainda estão quentes e que a fruta ainda não fora aberta. Em certos círculos – íntimos até – especula-se que Sílvia e André talvez não voltem

a esta mesa.

Porque não se abandonam joias – nem de mão (Pedro Santos, de 6€ a 12€), nem de dedos (anéis 45€) – espalhadas com a mesma despreocupação com que um dourado

contamina delicadamente todo o ambiente.

Mas é só uma ideia inaugural e etérea, pois ambos conheciam bem

os ensinamentos do sábio no que toca a comida, bebida, ilusão e – principalmente –

sorte. É que

apesar de tudo fazerem – nunca os gregos nos deixam –

como se estivessem a ser observados, uma mesa quer-se: não na

montra de uma loja, mas, afinal, em

casa.