7 anos

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I

7 anos. Treze de dezembro de dois mil e treze. Chegámos atrasados (havia fila à porta, quem diria?). Abrimos com loja online, mas militantemente físicos.  Há 7 anos não era um risco um projecto sobre texturas. Há 7 anos havia paixão. Hoje (também) há resistência.

II

No dia seguinte vendemos uns atacadores. Só. Cinco euros. Quem é que há 7 anos vendia atacadores ao lado de mobiliário, roupa, cerâmica? Nisso talvez tenhamos sido pioneiros. Pelo menos por cá. Ainda temos alguns atacadores. Não os vendemos todos. Não sabíamos quando se dizia obrigado. Não sabíamos quando a nossa narrativa apaixonada pelo produto estava a ser maçadora ao cliente. Hoje também não (a máscara não o deixa compreender).

III

Há 7 anos tínhamos a troika. Hoje temos a peste. Nada de novo então. Novas crises (do ciclo capitalista que nos resignámos a pertencer). Mas hoje não abriríamos um espaço na cidade – num mundo sem toque e sem cheiro, onde as conversas não têm expressão e o consumo é preguiçoso: quem é que falou em consumo?

IV

Deveríamos ter já assimilado na plenitude o online como nova forma e aceitar o metabolismo nativo da actividade comercial enquanto disciplina? Talvez, só que não devemos. Ou pior, não nos adaptámos e não nos queremos, militantemente, adaptar. Nós aqui pelo comércio – tradicional, local ou de rua – temos preferido sempre encarnar um último sopro de resistência”.

V

Este natal desenhámos uma mesa para a nossa montra (haverá uma espécie de natal). Andamos a desenhar mesas desde dois mil e treze. Uma mesa, um convite para uma conversa. Uma ligação. Andamos a criar novas ligações (no design) desde dois mil e treze.

VI

“Caro consumidor, que cidade quer encontrar no final desta pandemia, depois de ter decidido – talvez irrefletidamente – eleger como espaço de trocas comerciais, o tapete de entrada de sua casa? Temos uma missão para si: cuide de nós agora, para quando voltar o nosso tempo, podermos continuar a cuidar da cidade”.

VII

7 anos. Treze de dezembro de dois mil e vinte. Amanhã continuamos a resistência. Mas hoje não. O hoje é para nós. Parabéns SCAR-ID.